Livre Arbítrio não existe

Primeiramente, bom dia/tarde/noite, peço que os argumentos sejam respeitosos e sem Ad Hominem. Vamos ao que interessa

Comecei a ter essa percepção depois de estudar Análise do Comportamento e Behaviorismo e um pouquinho de Neurociências. Basicamente, é impossível que um comportamento seja causa em si mesmo, seria um criacionismo psicológico, ao meu ver. Vai ser um textão porque acho difícil tratar desse tema de forma rápida.

Todas as respostas que damos estão intrisecamente ligadas ao nosso contexto, fatores como cognição e personalidade descrevem bem topografias (ou seja, as classes de respostas que temos em nosso repertório individual e genético), mas não sua causa. Eu posso ter uma crença x sobre o mundo, mas essa crença não surgiu sozinha, eu posso me considerar timido, mas não posso dizer que sou tímido porque me sinto desconfortável em ambientes de muita exposição social, seria o mesmo que dizer que chove porque a água cai, a descrição do fenômeno não pode ser sua origem, seria um argumento circular. Na parte comportamental, o que fazemos tem origem em três áreas: genética, ontogenética (nossa experiência individual) e cultural. Ou respondemos por reflexo, emparelhamento ou pelas consequências das nossas ações. Toda nossa ação gera uma alteração no mundo, e a alteração no mundo nos modifica.

Na parte neurocientífica, tenho o seguinte raciocínio: Células não pensam, não tomam decisões, elas reagem a estímulos eletroquímicos, e estimulam outras células, neurônios também não escolhem para onde vão mandar esses sinais. Eles podem criar conexões mais amplas e mais sensíveis em um processo chamado neuroplasticidade, ou podem se enfraquecer, mas esse processo depende dos nossos hábitos, do nosso contexto, das influências que recebemos do ambiente. Ou seja, a forma como nosso próprio cérebro reage e interpreta o mundo está intimamente ligada ao estímulos que recebe e já recebeu, ele não é capaz de criar nada do zero.

Dois adendos: 1) Acreditar no determinismo não significa dizer que somos seres passivos, mas sim que nosso comportamento em si não existe sozinho, este depende de inúmeras variáveis anteriores; 2) Acreditar no determinismo também não é o mesmo que ser cômodo porque, uma vez que identifico os estímulos que me levam a agir, pensar ou sentir de determinada maneira, posso modificar este ambiente para que o próprio ambiente me ensine a me comportar de modo diferente, na medida do possível.