Imagine um cenário comigo! Tema de hoje: Apocalipse zumbi e solidão.

Neste post eu proponho um desafio, escreva algo que entrelace um mundo apocalíptico com o sentimento de solidão, o que é bem fácil até! Eu vou postar o meu texto aqui e espero que você responda com o seu nos comentários! (Se você quiser)


Um homem de meia idade, com roupas desgastadas e um semblante cansado, entra mancando em uma casa abandonada, tudo cheio de poeira e janelas quebradas, plantas crescendo por entre os ladrilhos e a tinta azul turquesa da parede completamente desbotada e descascando. O homem, com sua perna sangrando, anda com dificuldade e se apoiando nos móveis gastos e quebradiços. Quando chega ao centro da sala ele cai de forma desleixada e apoia suas costas na parede quando se senta. Ele pega um gravador e clica no botão para gravar.

— Aqui vai, já fazem 10 anos, 2 meses e 15 dias desde o começo do desastre, esta vai ser a minha ultima gravação pois... este é o dia da minha morte, fui mordido, tenho aproximadamente 15 minutos antes de me tornar um daqueles monstros.... agora que vou morrer não sei o que dizer, evitei a morte neste mundo apocalíptico por tanto tempo e então... acho que deveria fazer um discurso né? Mas nunca fui muito bom com palavras... de qualquer forma, não tenho ninguém para quem deixar estas gravações, para quem eu estou fazendo este discurso? Haaah, se eu soubesse que isso iria acontecer eu teria comido mais a comida da minha mãe dez anos atrás, o macarrão dela era divino... eu também deveria ter me confessado para  minha paixão do ensino médio... talvez ter aprendido piano como eu queria quando era criança... se eu soubesse...

O homem começa a tremer e seus olhos começam a lacrimejar. Ele solta um suspiro trêmulo, um suspiro que ressoa naquela casa vazia que algum dia foi um lar. Um suspiro que ressoa naquele bairro abandonado que um dia foi uma vizinhança amigável, com crianças correndo por aí e idosos jogando baralho. Um suspiro que ressoa nos ouvidos daquele homem cansado, acabado e extenuado, que um dia foi um jovem esperançoso, animado e principalmente amado. O homem olha para o chão e continua a falar para o gravador, seu único ouvinte em seu leito de morte.

— Eu queria ter alguém comigo, eu não quero morrer sozinho, vivi os últimos dez anos rodeado por monstros, tudo o que queria era alguém aqui comigo em meu último momento, não importa quem fosse, eu aceitaria qualquer pessoa! Eu não quero morrer sozinho! Quero ter alguém para dizer adeus! Quero ter alguém lembrar de mim! Mas... mas!! Eu sou o último... eu nunca quis ser o último... a humanidade caiu, e eu como o último dos humanos. Estou destinado a perder a minha inteligência e me juntar ao resto da humanidade na inconsciência, ha! É meio irônico, os humanos que sempre se orgulharam e se colocaram acima dos outros por sua esperteza no fim acabaram como seres ordinários que não são capazes de pensar. Isso é um pouco contraditório, por um lado eu queria viver um pouco mais, porque eu sei que se eu morrer não haverá ninguém mais para se lembrar do mundo antes disso tudo, não haverá mais ninguém para se lembrar... mas por outro lado... eu não quero mais viver sozinho... eu queria poder encontrar minha mãe e meus amigos no céu mas nem mesmo isso poderei fazer... — Os olhos do homem começam a ficar pretos, sua pele começa a tomar uma cor acizentada e sua mente começa a ficar turva, como suas últimas palavras ele segue — Se eu pudesse ver minha mãe novamente, ugh...  diria a ela que senti saudades...